Município de São Vendelino-RS
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Relógio do Corpo - Plantas Medicinais

Guaco

Mikania glomerata Spreng.

cipó-almécega-cabeluda, cipó-catinga, cipó-sucuriju, coração-de-jesus, erva-cobre, erva-das- serpentes, erva-de-cobra, erva-de-sapo, erva-dutra, guaco, guaco-de-cheiro, guaco-liso, guaco- trepador, uaco

Características gerais: trepadeira sublenhosa, de grande porte, perene, com folhas obtusas na base, de forma quase deltoide, de cor verde-escura e semitorcidas, com três nervuras destacadas, carnoso-coriáceas, presas duas a duas ao longo de ramos volúveis. Flores reunidas em capítulos congestos, resultando em fruto do tipo aquênio. É nativa do sul do Brasil, contudo, pela popularidade de seu uso medicinal, vem sendo cultivada em vários outros estados, inclusive no Ceará, onde nunca apresenta flores.

Usos: esta planta vem sendo usada na medicina popular do sul do Brasil há séculos, atribuindo-se à suas folhas as seguintes propriedades: ação tônica, depurativa, febrífuga e peitoral, estimulante do apetite e antigripal. As informações etnofarmacológicas citam o uso de sei cozimento (decocto) em gargarejo e bochecho, nos casos de inflamação na boca e na garganta, e a aplicação local da tintura, em fricções ou compressas nas partes afetadas por traumatismo, nevralgias, prurido e dores reumáticas. Destas propriedades somente sua ação sobre as vias respiratórias, justificadas pelo seu efeito broncodilatador, antitussígeno, expectorante e antiedematogênico, foi confirmada em estudos científicos; assim, fica permitido seu emprego como medicação nestas indicações, nos programas de fitoterapia em saúde pública e, por extensão, nas práticas caseiras da medicina popular devidamente orientada. A literatura leiga refere que o uso de doses altas chega a provocar vômitos e diarreia, que desaparecem com a suspensão de remédio. Sua análise fitoquímica revelou a presença de vários constituintes, principalmente a cumarina e outras substâncias dela derivadas. Para o tratamento caseiro da tosse, bronquite e das crises de asma, pode-se fazer uso do xarope, parado cozinhando-se suas folhas bem picadas na proporção de uma parte para dez partes de água e mantendo-se a fervura até o aparecimento do cheiro da cumarina; junta-se, então, um punhado de hortelã-japonesa ou vique (Mentha arvensis var. piperascens) ou algumas folhas de malvariço (Plectranthus amboinicus) e deixe-se coar; em seguida basta juntar a mesma quantidade de açúcar ou um pouco mais e ferver novamente para dissolver o açúcar. Guarda-se o xarope, por até 15 dias, em um frasco de boca larga e bem limpo que, depois de fechado, deve ser lavado por fora para diminuir a contaminação por fungos trazidos pelas formigas que surgem em busca de açúcar. Toma-se na dose de uma colher das de sopa 3 a 4 vezes ao dia. Outras formas de uso são o chá por infusão e a tintura. O chá é preparado juntando-se água fervente à quatro ou seis folhas cortadas em pedaços pequenos em uma xícara das médias, do qual toma-se uma xícara duas a três vezes ao dia. A tintura pode ser feita deixando-se em infusão 100 g das folhas trituradas em 300 ml de álcool a 70 GL para ser usada externamente, depois de filtrada, em fricções ou compressas locais.

Fonte: Plantas medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. Harri Lorenzi & Francisco José de Abreu Matos. 2ª edição. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.